O histórico Caminho do Itupava, a nossa herança com os antepassados colonizadores do Brasil, mais exatamente ao sul, a estrada ou trilha que fez nascer o Paraná, ligar o litoral a Curitiba bem antes dessa última ser considerada a capital do estado, a comarca, o único caminho original. Tudo isso está relatado no livro Os Caminhos da Comarca de Curitiba e Paranaguá que está na Biblioteca Pública do Paraná e que já consultei.
Há tempos eu queria fazer essa trilha. Lembro ainda das primeiras informações que obtive nos anos 90, até conseguir ligar para o senhor Vitamina, na secretaria da cultura do Paraná, um senhor famoso e personagem das trilhas e montanhas da nossa serra do mar, para saber se era possível fazê-la de bicicleta, quando ainda não tinha a "mountain bike" dos meus passeios de hoje. Total desconhecimento porque carregaria muito a bicicleta.
Depois vieram os convites, mas coincidiram com as viagens a trabalho e até uma má condição do tempo.
E finalmente o passeio aconteceu, depois da minha indecisão durante a semana, por causa da possibilidade de chuva. E assim mais uma organização do Heron, que dessa vez deu um trabalho, que o leitor vai ler mais a frente.
Começamos nossa caminhada por volta das 8:00 h no posto do IAP em Borda do Campo, Quatro Barras - PR. A história do caminho está no endereço aqui clicável, e que usei um pouco para comentar com os caminhantes. A idéia era uma primeira parte até a Casa do Ipiranga, primeiro encontro com a estrada de ferro, e primeira parada para um lanche.
Nessa primeira parte da trilha uma cachoeira, uma gruta e fotos próximo a trilha para o Pão de Loth, para então o inicio da descida da serra e o primeiro calçamento. Alguns escorregões (3) desse que lhe escreve como se avisassem: mais prá frente é isso, então lembre-se. Até então chegarmos a Casa do Ipiranga.
Uma parada para diversas fotos das ruínas da casa e da hidrelétrica. O local e a história mais recente, dos passeios de trem, tudo isso me fez lembrar da música da banda Blindagem Lá Vai o Trem. Fizemos um lanche junto do pessoal do Roda Livre que encontramos nesse local. Logo depois o Heron faria a contagem para continuarmos o caminho. A partir daqui começa uma confusão que chamei de Efeito Borboleta, que abaixo segue o relato.
" Enquanto fui fazer um pit-stop (avisado) próximo a ponte de ferro do Ipiranga, o pessoal voltava para a Casa do Ipiranga. Quando retornei encontrei o Giba (copeliano) que tinha avisado ao grupo que ele, eu e um baiano subiríamos um atalho para encontrarmos o pessoal na trilha para o Cadeado, bem próximo, era uma diferença de 300 metros. Subimos e esperamos o pessoal, que não aparecia, e pensamos será que já passaram e seguiram a frente. E fomos alcançá-los, mas não encontrávamos. Então voltamos até o Ipiranga. Lá encontramos o pessoal e o inicio da confusão. Havia um escoteiro (adulto) no grupo que havia saído na frente acompanhado de uma amiga, eu lembrava dele por causa do inicio do calçamento onde o pessoal começou a escorregar e ele estava bem a frente. Um amigo desse escoteiro achou que ele não havia chegado ainda ao Ipiranga e ficou uma discussão, porque eu era um dos últimos junto com a Estela e a Marcia além do Giba que fechava o grupo. Mas o amigo do escoteiro insistia que não, que isso não era costume do amigo e que havia algo errado e que ele ficou para trás. Nessa hora até uma fumaça na mata chamou a atenção. O que o Heron fez? Voltou pela trilha para tirar a dúvida. Nisso o amigo do escoteiro que foi junto retornou e seguiria para a Passagem do Cadeado. Então esse grupo da casa do Ipiranga foi acompanhá-lo, logo a frente um outro grupo do Roda Livre já havia saído. Passou uma hora de atraso em relação ao previsto para continuarmos. E mais uma vez para não ter dúvidas ficamos os mesmos por último.
Seguimos pela trilha até atravessar um rio e chegar numa subida onde seguiríamos a esquerda. Nesse ponto 4 pessoas que estavam a nossa frente quase continuaram reto subindo um morro de terra (amarela). Saímos então pela esquerda. Pensei nessa hora que esse era um local para confundir.
Assim seguimos, contando piadas relacionando esse caso com a série LOST, cruzando pequenos rios e seguindo o calçamento da trilha. Chamou-me a atenção que a altitude ainda não variava tanto, ficando próximo dos 800 metros nessa parte da trilha.
Ao chegarmos na Passagem do Cadeado uma foto que deu nome ao local e então o desnível. Encontramos os demais caminhantes no Santuário que haviam saído bem a nossa frente, mas para surpresa faltavam aquelas pessoas que tinham saído junto de nós e que se distanciaram. Havia também um recado do escoteiro, colado junto ao monumento de Nossa Senhora do Cadeado, quando da passagem dele por ali.
Claro, era certo que o escoteiro estava a frente e que logo "ele" não teria problemas. Antes disso o Giba que estava conosco, recebeu as informações do Heron quanto a primeira confusão e estava vindo até nós.
Algumas fotos, auto-foto e continuamos a descida até o posto do IAP Porto de Cima. Uma descida forte no calçamento não permite vacilo porque é bem liso e não tem calçado bom para isso.
Passamos as pontes dos rios São João e Ipiranga, que sem as mesmas antes da restauração e com toda a chuva dessa temporada, seria muito difícil. A partir desses dois locais, a Estela, Marcia e eu fomos ficando para trás por causa das diversas fotos, inclusive uma que espero balançando num cipó. Saímos então na estrada para Porto de Cima (liga a estação de Eng. Lange no sentido oposto). Fotos da serra, do rio, uma boa foto de um cogumelo feita pela Estela. O desvio junto ao caminho para usina hidrelétrica do Marumbi (COPEL) e chegamos ao posto do IAP.
Mais uma vez outra surpresa, faltavam chegar ainda 9 pessoas, então não éramos os últimos como se imaginava. Onde estava esse grupo? Eram 18:15 h. Tinha gente perdida na trilha.
O nosso ônibus estava ali, mas só sairia quando os últimos chegassem, e parte do pessoal que chegou antes pegou uma carona. Então nós três decidimos continuar caminhando até a Pousada e Restaurante Dona Siroba. Essa última caminhada foi cansativa, talvez porque não contava com ela.
Ao chegar na pousada diversas perguntas porque faltava gente. O Giba preocupado queria que eu voltasse, mas não tinha condições fisicas para voltar ao Cadeado. E fui tomar um banho. Até as 20:30 h ficamos esperando e o grupo apareceu.
Lembra do relato acima sobre um ponto que poderia confundir. Pois o grupo que se distanciou de nós e mais o pessoal do Roda Livre haviam tomado esse caminho errado.
O Heron que estava voltando da primeira confusão, pois havia ido até próximo do caminho do Pão de Loth, encontrou todo esse pessoal que retornava a trilha depois de se perderem."
Assim depois de todas essas confusões pudemos jantar na pousada e encontrei o "professor Miranda" que é dono dali. Para mim antes de ele ser o presidente do Paraná Clube era o professor do CEFET-PR, nem lembrava mais que era dono da Pousada Dona Siroba.
Um instante de pedido de desculpa do escoteiro, que sem querer, gerou uma série de acontecimentos.
Um instante de pedido de desculpa do escoteiro, que sem querer, gerou uma série de acontecimentos.
A chegada a Curitiba foi a 0:00 hora, duas a mais do previsto.
Sabem que nem choveu ou teve pancadas como estava previsto, ainda bem.
Entre mortos e feridos todos se salvaram.
Constatações do blogueiro:
01 - Se a previsão é de pancadas de chuva no decorrer do período, pode ser que com sorte como a minha, não aconteça.
02 - Não tem calçado que não escorregue na trilha.
03 - No período de chuvas o espetáculo das cachoeiras é maravilhoso.
04 - Os meus joelhos suportaram a descida mais do que ouvi falar.
05 - Pouca gente conhece a história da trilha principalmente a Passagem do Cadeado.
06 - Muita gente faz a trilha e que os poucos que causam vandalismo fazem um estrago enorme nas placas, chão e construções.
07 - Que a ALL lavou as mãos quanto a preservação das contruções. A pior parte do privatização e do capitalismo selvagem.
08 - Sem a recuperação patrocinada pelo convênio Brasil - Alemanha só os mais aventureiros e fortes poderiam fazer a trilha.
09 - Quando estiver em grupo, fique com ele independente se você já conhece o caminho, para não gerar dúvidas de localização das pessoas. Vale qualquer aviso de distanciamento até para "pit-stops".
10 - Por mais que alguém conheça a trilha passado um tempo ela fica diferente, porque caí uma árvore, desliza terra e isso causa algum desvio e pode confundir.
11 - Preservar a trilha e a mata atlântica que forma a serra do mar é muito importante pela natureza e a história que ela representa.
12 - Que esse relato foi tão longo pela série de acontecimentos além do passeio.
12 - Que esse relato foi tão longo pela série de acontecimentos além do passeio.
Um comentário:
Este relato é melhor que qualquer explicação. Que fique de lição para trabalhadores e empresários, que a união se deve mesmo que você conheça seu objetivo, pois senão toda a comunidade pode sofrer consequências.
Um grande abraço Maurício.
Grato.
Heron Mathoso
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